Parafraseando a Dr.ª Rute Remédios, as opiniões são como as vaginas: cada uma tem a sua e quem quiser dá-la, dá-a. Neste blog, Julie D´aiglemont dá a sua. Opinião, claro. E nem sempre da forma mais respeitosa. Isso ofende a vossa sensibilidade? Então, ide, ide. Ide ler o programa de um qualquer partido de extrema esquerda, que de certeza é mais consentâneo com vossos princípios morais.





quarta-feira, 28 de abril de 2010

Back in black

Já há uma semana que se tinham manifestado os primeiros sintomas de febre e eu não manifestava qualquer intenção de pedir opinião clínica avisada. A minha pressurosa amiga AS não esteve com rodeios e arrastou-me para o HPP da Boavista. Obviamente que fui contrariada. Tão contrariada, que AS fez questão de me conduzir na sua própria viatura, de modo a assegurar-se de que eu seria vista por um médico.
AS é uma rapariga mesmo muito ocupada, o que significa que o meu estado era visivelmente deplorável. Apesar disso, mesmo quando estou doente, há duas coisitas que dificilmente perco: a fome e o sentido de humor inoportuno.
Já na sala de espera, comecei a tecer considerações sobre as reais intenções de AS: de certeza que queria era que eu ficasse lá internada. A danada confirmou. Que sim! Eu que reparasse bem, as pessoas entravam nos consultórios, mas ninguém as via sair!
E o circo começou!
Estou convencida que alguém apressou a minha consulta, porque no meio de uma respeitável sala de espera cheia de pessoas doentes, ouviam-se as nossas gargalhadas entrecortadas por comentários sobre tráfico ilegal de órgãos.
Depois de me auscultar, a médica resolveu sujeitar-me a uma bateria de exames para excluir qualquer possibilidade de pneumonia: raio X, exames ao sangue, uma nebulização e o diabo a quatro (bendito seguro de saúde).
Sozinha e entediada, resolvi comunicar por SMS com AS, que se mantinha estoicamente à minha espera.

EU: Socorro! Estou numa banheira de gelo!

AS: Que tipo de flores queres na coroa que vamos comprar em representação do escritório?

EU: As mais caras que houver! Eu mereço porque sou uma boa pessoa. Transmite aos meus pais que quero os Broa de Mel a cantar no funeral.

AS: Nos chineses estavam umas bem giras, que sempre têm a vantagem de não apodrecerem.

EU: O caraças! Quero flores caras e perecíveis para o povo ir em romaria enfeitar a minha campa! Quero ver-te todas as semanas a mudar as velas, ouviste?

AS: Deixo a decoração da campa para a D., que a há-de encher de almofadas, quadros e ambientadores exóticos.

EU: Foda-se que ela é menina para forrar a lápide com papel de parede.

AS: O problema é que vai mudar de papel várias vezes entre cinza e verde escuro. Ainda coloca em cima a mesa do hall do escritório colada com UHU, com revistas oferecidas pelo B.

EU: Estou a fazer uma nebulização. Tenho medo de te fazer perder demasiado tempo. Se precisares de ir embora, não há problema que eu apanho um táxi.

AS: Não faltava mais nada! Eu espero.

EU: Se pelo menos estivesses aqui para nos rirmos com o meu estado moribundo… Estou a tremer, mas é de fome. Ainda saio desta espelunca com uma fraqueza!

AS: Doida!

EU: Doida o caraças! Está aqui uma rapariga ao lado a queixar-se de fome. A estratégia deles é matar os pacientes à fome.
EU: Olha ! Ela pediu uma bolacha à enfermeira! E ela deu-lhe.

AS: Ah! É o sistema. São as cunhas.

Muitos mais disparates foram ditos durante as três horas e meias de seca que a minha ditosa amiguinha AS passou por minha causa. Sim, três horas e meia de consultas e exames! O resultado?! O resultado de tão pormenorizados exames foi... eu tinha uma gipe! Uma gripe apenas! Nem uma pneumoniazita fui capaz de contrair para regalar AS… Não mereço os amigos que tenho!

1 comentário:

Unknown disse...

D. não iria jamais optar por papel de parede numa lápide. O bom senso diz que rapidamente se iria desfazer; não é pratico.
Optaria, sim, em vez de lápide em mármore (absolutamente out); por uma em vidro espelhado em tons de cinza, ou cobre, e letras gravadas em preto com pequeno relevo.
No entanto, para o gabinete (da falecida e ex-sócia) aí sim...papel de parede.
Mas, em virtude do diagnóstico médico, quando tiver ficar com a apetecível divisão do escritório, o papel de parede também já não se adequará.... enfim....