Parafraseando a Dr.ª Rute Remédios, as opiniões são como as vaginas: cada uma tem a sua e quem quiser dá-la, dá-a. Neste blog, Julie D´aiglemont dá a sua. Opinião, claro. E nem sempre da forma mais respeitosa. Isso ofende a vossa sensibilidade? Então, ide, ide. Ide ler o programa de um qualquer partido de extrema esquerda, que de certeza é mais consentâneo com vossos princípios morais.





segunda-feira, 30 de maio de 2011

Anais da Justiça (#9)

A pedido de várias famílias, aqui vai outra historieta contada pelas minhas amigas.

Alegadamente, uma prostituta aceitou como pagamento o casaco de couro do cliente e entregou-o ao chulo. Como o cliente se arrependeu, resolveu fazer queixa de ambos, tendo sido deduzida acusação de roubo contra ela e de receptação contra ele.

O espectáculo começou assim que o Juiz perguntou ao arguido o que fazia. Ele respondeu com pouco à vontade “tenho umas raparigas a trabalharem para mim”. O Juiz decidiu simplificar e disse “o senhor é, portanto, proxeneta”. Mas ele respondeu “não, xôtor, num sou nada disso”. O Juiz, surpreendido, insiste “o senhor não é proxeneta?”. E ele, muito ofendido, “não, não sou nada disso”. O advogado de defesa, cansado da situação, resolve intervir e diz “ó Sr. X, o senhor não é chulo?”. E ele responde solícito “ah isso sou, chulo sou”.

A acusação era extraordinariamente caricata, dizendo a páginas tantas que um indício de que o casaco de couro havia sido roubado era a desproporção entre o valor do casaco e o valor dos serviços prestados.

Ora, a minha amiga S. defendia a prostituta e achou que a melhor estratégia seria ridicularizar a acusação.

Vai daí, fez umas alegações de antologia, que ninguém que ali estava algum dia esquecerá. Começou por dizer que não percebia o fundamento da tal desproporção de valores, porque não estava familiarizada com a tabela de preços praticados pelas prostitutas de Vila Nova de Gaia. Mas convidava a acusação a juntar essa tabela. A partir dali foi o descalabro, porque ninguém se conseguiu manter sério.

Terminou as alegações com a frase “Demais a mais, há uma coisa com que todos têm de concordar: quando um serviço é bem prestado, a satisfação não tem preço”.

Resultado: absolvição.

19 comentários:

Anónimo disse...

A satisfação não tem preço mesmo!!! lolol Um máximo!

Cricri disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cricri disse...

Muito bom!! Não me admirava que aparecesse algum iluminado com uma tabela de preços, é que as coisas em Gaia agora são muito organizadinhas!!! ;

Pusinko disse...

É uma grande história!
Gosto desta secção!
É pra juntar à de amanhã que é sempre uma revelação :p

Beijooo

Pseudo disse...

Estou fã desta secção de argoladas jurídicas! Como se dizia na minha santa terrinha há uns anitos, "é de escachar o côco a rir!"

I. disse...

Ó pá, tão bom, amei.

Osk disse...

Muito bom!

Sotôra, queremos mais anais....!!

Prezado disse...

Lindo. Mas isso é tudo ilegal, prostituição proxenetismo etc, como é que não vão todos de cana?

Catarina Reis disse...

Mt bom. Um beijinho grande.

.:GM:. disse...

Partilho a dúvida do Prezado. Foi absolvida do roubo. Ok. Mas pode ficar com um casado que foi forma de pagamento de um serviço supostamente ilegal? Faz-me confusão.

Cacarol disse...

Hilariante...

Julie D´aiglemont disse...

Prezado e GM: Acham que os Juizes estão para isso? Uma vez estive num processo a defender uma fulana que era acusada de co-autoria com mais 6 pessoas de tráfico de droga. A certa altura, um dos co-arguidos explicou que o dinheiro que tinha (e era muito) advinha-lhe dos empréstimos que fazia aos jogadores do casino de Espinho. Portanto, confessou ser agiota. Acham que foi extraída alguma certidão para o indiciar pelo crime de usura?

.:GM:. disse...

Se os processos em tribunal demoram em média 2 anos a ser resolvidos, já nada me admira. :-P

VP disse...

Foi uma comédia naquele sítio, em que por norma, é um tribunal serio!!

Loira disse...

Lol!
E o título desta rubrica não poderia ser mais adequado ao assunto eheheh :)

Prezado disse...

ehh mesmo assim não deixa de ser interessante haver queixa... não é o mesmo que eu ser traficante e queixar-me à policia que um outro traficante me roubou 200kg de coca?

Malena disse...

Alegação final fantástica! Espero é que a advogada não tenha sido paga com um casaco de pele!! ;)

Anónimo disse...

A justiça que temos no seu melhor. :)

Queen of Hearts disse...

Brilhante!