Tenho uma excelente memória... mas apenas para armazenar merda! Todo o conhecimento que me passe pelo cérebro, fica lá... desde que não tenha qualquer interesse. Porque se tiver, é rapidamente encaminhado para algum local esconso, de onde não ressurgirá jamais.
Exagero? Infelizmente não.
Vou dar um exemplo. Um dia estava a jogar Trivial e saiu-me a pergunta: "como morreu Marat?". Ao que eu respondo com um entusiamo inusitado: "eu sei, eu sei, morreu no banho". Fui logo acusada de já saber a resposta por tê-la visto noutro jogo. "Não, não" disse eu, "até sei quem o matou e como: Marat tinha um problema de pele que só era aliviado com longos banhos. Ora, Charlotte Corday aproveitou um desses longos banhos em que ele se encontrava indefeso e matou-o na banheira".
Pode parecer cultura geral. Mas não é. A Revolução Francesa nunca despertou em mim interesse suficiente para chegar a tais pormenores.
O que realmente aconteceu foi um professor de História do secundário ter contado isto numa aula. A parte doentia da questão nem é eu lembrar-me da forma bizarra como morreu o estadista. O problema é eu, ao fim de tantos anos, lembrar-me com tanta precisão do nome da assassina.
É um conhecimento importante? Prestou-se a alguma utilidade ter essa informação no cérebro? Não.
E como esta, há uma galáxia de dados inúteis a ocuparem espaço. E para que precisaria eu desse espaço? Para conseguir ser uma fisionomista menos medíocre, por exemplo. Para decorar datas de aniversário das pessoas que me são mais próximas, para fixar caminhos depois da 480ª vez que por que lá passo...
E porque esta queixa súbita? Porque, meus amigos, queria muito partilhar com os incautos que aparecem aqui no tasco uma foto absolutamente maravilhosa, que sei ser uma preciosidade, que guardei com empenho para não correr o risco de a perder... e não sei onde a guardei!
Sei que está bem guardadinha, mas onde?