Parafraseando a Dr.ª Rute Remédios, as opiniões são como as vaginas: cada uma tem a sua e quem quiser dá-la, dá-a. Neste blog, Julie D´aiglemont dá a sua. Opinião, claro. E nem sempre da forma mais respeitosa. Isso ofende a vossa sensibilidade? Então, ide, ide. Ide ler o programa de um qualquer partido de extrema esquerda, que de certeza é mais consentâneo com vossos princípios morais.





segunda-feira, 5 de julho de 2010

Literatura alternativa (#2)

Quem me conhece sabe do meu deleite sempre que ponho a vista em livros, filmes ou música, uhm... digamos, alternativos. Como tenho amigos muito generosos, de quando em vez sou presenteada com verdadeiras pérolas.
Em tempos, a minha amiga Rosebudd desempenhou as funções de jurista da Liga de Clubes, tendo-lhe chegado às mãos esta preciosidade literária. Sabendo como eu iria apreciar, foi incansável até me conseguir oferecer um exemplar.
Ficha técnica do livro:
LIGA PORTUGUESA DE FUTEBOL PROFISSIONAL
Comissão de arbitragem
AUXILIAR DO ÁRBITRO
Edição de 1999/2000
Coordenação e redacção: José Mesquita (Árbitro 1ª Cat. Nacional)
Colaboração de: Carlos Pinto, Óscar Fernandes (Liga Portuguesa de Futebol Profissional)
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Os autores começam por explicar o objectivo da obra:
"Não basta saber de cor todas as Leis do Jogo. É preciso compreender o seu espírito para bem as aplicar.
"Só se pode ser um árbitro completo quando se tenha assimilado o espírito que ditou as leis do Jogo."

O texto balança entre o tom coloquial e a escrita barroca, temperado com uma ignorância assustadora acerca da função da vírgula. Seguem-se extractos (como sempre, o texto a negro é da minha autoria):
"O teu equipamento deve ser discreto:
Sede cuidadosos no equipamento, digo mesmo impecáveis, mas sem ostentação, evitando tudo o que possa chamar a atenção do público. (Como assim?! Um árbitro não pode usar um calção de brocado, uma camisa dourada e puruprinas nos cabelos?)
Escolhe um bom apito e não uma gaita. Uma apitadela em forma no momento preciso, é de grande impressão para o público e um bom sintoma de segurança do árbitro. (não adivinhavam vocês o advento das vuvuzelas, que haveriam de abafar o apito)

"O árbitro não deve ser só árbitro no campo. Na vida particular deve ser um verdadeiro homem, pois a sua linha de conduta na vida privada reflecte-se, e muito nas arbitragens. (recuso-me a comentar - muito óbvio)

"Tem cuidado com as meias, pois que uma meia rota ou mal cozida, além de não ser agradável à vista pode magoar os pés e para quem tem de andar sempre a correr não é nada cómodo.

"Duma maneira geral, a preparação física dos árbitros é bastante rudimentar. Uns fogem dela como o rato do gato. (…)

"As cargas correctas são permitidas pelas Leis do Jogo. Eliminá-las dos jogos, é defraudar o código do jogo e transformar os jogadores em figurinhas de porcelana fina. Lembra-te que o futebol é um desporto para homens. (como já pratiquei futebol, quando li esta passagem senti-me um sapatão)

"Quando os jogadores comecem a mostrar-se nervosos, aperrai o vosso “revólver”, isto é, o vosso apito, e ”apontai-o” à cabeça do primeiro que tente “matar” o adversário. Perdoai-me a imagem. É para fazer compreender melhor como deveis proceder em tais emergências.

"Alguns árbitros supõem que, se têm um apito, é para apitar. Apitam, apitam. Parecem verdadeiros melros.

"Faz por ser discreto e não “blasones”.

"Depois do jogo e no remanso do teu lar, faz um exame de consciência, sincero, de tudo quanto se passou. Ela dir-te-á a verdade sobre o teu trabalho. Isto é mais honrado e inteligente que fechar os olhos e crer que arbitras, sempre bem."

2 comentários:

Anónimo disse...

LOL! Começo a gostar destas literaturas alternativas!! Que mimo!!

Salustio disse...

E eu a pensar que as meias rotas não faziam mal nenhum. Estava tão enganado.