Parafraseando a Dr.ª Rute Remédios, as opiniões são como as vaginas: cada uma tem a sua e quem quiser dá-la, dá-a. Neste blog, Julie D´aiglemont dá a sua. Opinião, claro. E nem sempre da forma mais respeitosa. Isso ofende a vossa sensibilidade? Então, ide, ide. Ide ler o programa de um qualquer partido de extrema esquerda, que de certeza é mais consentâneo com vossos princípios morais.





terça-feira, 2 de março de 2010

A triste sina de uma cínica


Confesso que sou uma admiradora da filosofia Cínica. Enfatize-se a palavra admiradora, porque sendo eu uma apreciadora do luxo, jamais poderia ser discípula de Antístenes - um grego que pelo facto de ter vivido no Séc. IV a.C. não soube o que era a bancarrota, podendo assim pregar o desapego aos bens materiais sem parecer um mero morto de fome.
Ora, esta helénica figura teve um discípulo de seu nome Diógenes que, num arroubo de inteligência, engendrou uma frase que séculos mais tarde seria usada por mim sempre que melindrada pelo sexo forte: “Quanto mais conheço os homens, mais gosto do meu cão”. Talvez o filósofo se indignasse com o uso indevido do seu pensamento, mas o gajo está morto, pelo que quero lá saber. Além de que concordo com os cínicos, no sentido em que penso que os animais são mais dignos de afecto do que os seres humanos.
Posto isto, fica aqui plasmado que gosto muito de cães… mas nem sempre eles colaboram…
Ia eu para o escritório, quando em plena E.N. 108 me deparo com um cãozito aparentemente abandonado – mais um.
Como neste momento a minha família só tem 9 cães (, porque no início de Dezembro tínhamos 15), telefonei a mamãe para averiguar da possibilidade de lhe levar este presentito.
Mamãe acede, mas eis que reparo que o bicho tem uma coleira e um fio, que indiciam que fugiu.
Mamãe acusa-me de raptora de canídeos alheios e instiga-me a procurar potenciais donos antes de o meter no carro.
Dirijo-me a uma casa nas proximidades: um senhor informa-me que ele certamente foi abandonado, porque já anda por ali há mais de um mês.
Tento agarrar o cão.
O raio do cão resolve não cooperar.
Peço ajuda a dois homens das estradas de Portugal que andam a cortar ramos das árvores.
Peço-lhes para desistirem, porque o gajo quase que é atropelado ao tentar fugir deles.
Telefono outra vez à minha mãe e peço para me vir ajudar e trazer comida (a santa senhora vive a cerca de 10 Km.s dali).
Depois de alguma renitência, a minha mãe põe-se a caminho.
Entretanto o diabo do bicho vai para o pé da casa do senhor que eu tinha abordado inicialmente e que me tinha dito que ele era abandonado.
O cão do senhor ataca-o.
O senhor mete-se no meio dos 2 cães... o dele é velhinho e chama-se Jardel.
O senhor vai buscar chouriço para dar ao vadio e tenta ajudar-me a apanhá-lo.
Não consegue.
Aparece um amigo do senhor.
Tenta ajudar... surpresa: não consegue!
Chega a minha mãe com pedaços de carne para dar ao cão e apanhá-lo desprevenido enquanto come.
Não consegue.
O senhor tenta caçá-lo com uma corda com um laço.
O senhor é gozado pelo amigo.
Entretanto o cabrão já tinha enchido o bandulho.
Jardel também já tinha enchido o bandulho.
Há uma hora que eu andava à caça.
Dei o meu número de telefone ao senhor: se alguém conseguir apanhar o bicho, eu vou lá buscá-lo.
Chego ao escritório e descubro que no meio da confusão tinha perdido o saco com a minha própria comida (fruta para comer durante a tarde).
Balanço: mobilizei 5 pessoas para apanhar o cão; não consegui; fiquei sem comida.
Resultado: hoje gosto um bocadinho mais de seres humanos do que de cães que não se deixam apanhar.

2 comentários:

LustyCapuccino disse...

...e parece-me que esta história terá desenvolvimento. Mas o melhor será levar dois sacos de comida...nunca sabes quando o vais encontrar!

Kissy

Julie D´aiglemont disse...

Cara amiga Lusty: na viagem de regresso procurei o cabrão do bicho... não encontrei! De formas que é assim que se descobre que nem todos desejam ser acolhidos em nossos braços... refiro-me a cães abandonados, claro, hehe